Neste último ano, muito tem se falado sobre os desafios que como profissionais temos enfrentado. Algumas lidando com a jordana em casa, outras ainda precisando sair para trabalhar mesmo com os filhos em casa e tendo aulas remotas.

O trabalho remoto ou Home office, tem alterado de forma significativa as dinâmicas familiares e nesta transformação compulsória se assim podemos nomear, a mulher, precisou assumir as tarefas domésticas, uma rotina mais complexa de ensinar conteúdos, que antes eram passados pela escola. Nos deparamos aqui com uma das visões culturalmente significativas em nossa sociedade: “O trabalho doméstico e a educação dos filhos é uma tarefa naturalmente feminina”. Será que após todos os avanços e lutas alcançadas pelas mulheres, ainda precisamos explicar que o trabalho doméstico, a educação e acompanhamento dos filhos é uma tarefa que envolve corresponsabilidade entre o casal?

É oportuno ressaltar que quando o parceiro colabora com as atividades domésticas, não está auxiliando a parceira, está apenas contribuindo para a manutenção de uma dinâmica saudável no lar. Compartilhamento de tarefas é a base para um relacionamento de respeito e apoio.

Quando agregamos à necessidade de manter a ordem dos processos domésticos, as atribuições do trabalho, que agora ocorrem também dentro de casa, não tem muitas vezes horários para iniciar e acabar como ocorria antes da pandemia. Nos deparamos com a visão dos familiares imaginando que estamos disponíveis pelo fato de estarmos em casa, de não compreender que o trabalho exige concentração e atenção, e com as diversas interrupções diminuímos a produtividade também.

 

Estudos tem mostrado como a pandemia forçou a realizar no mesmo espaço (casa) o trabalho, estudo, escola dos filhos, família, atividades de casa, etc. Isso tem gerado exaustão física e psicoemocional nas profissionais, ocasionando adoecimento psíquico como ansiedade, estresse, irritação e até depressão. Surgem com frequência, mulheres profissionais desejando retornar para o trabalho presencial, buscando com tudo isto a separação e organização didática de sua vida, e assim o ajustamento de sua saúde mental.

E é preciso esclarecer que isto não significa que a mulher não ama a família ou não gosta da sua casa, mas sim que precisa articular seu equilíbrio, seu espaço, seu momento. O tempo de não pensar nem fazer nada, apenas parar para cuidar de si mesma.

Mulher profissional, você que ainda está lidando com o home office ou que talvez precisará aprender a lidar com isto daqui para frente como sua forma de trabalho regular, aqui lhe ofereço algumas dicas:

  • Organize uma rotina tendo como base uma visão integrada (vida, família e você);
  • Defina horários para as atividades: domésticas, profissionais, educacionais, lazer, etc;
  • Converse e esclareça a necessidade de contribuição dos demais membros com as atividades domésticas;
  • Separe um tempo para você e explicite aos demais membros que não deve ser incomodada;
  • Informe que no seu horário de trabalho, nem sempre estará disponível para dúvidas ou interrupções. Pode, por exemplo, orientar os filhos a anotar o que querem falar, então em um determinado horário do dia você senta para responder.
  • Lembre-se: cuidar de você não é egoísmo, é uma excelente ferramenta para manter o seu equilíbrio e o de sua família.

 

Angélica Dias

Psicóloga